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sábado, 20 de dezembro de 2008

Saudações a quem tem coragem

Pense e dance

Barão Vermelho

Composição: Dé / Frejat / Guto Goffi

Penso!
Como vai minha vida
Alimento todos os desejos
Exorciso as minhas fantasias
Todo mundo tem um pouco
De medo da vida...

Prá que perder tempo
Desperdiçando emoções
Grilar com pequenas provocações
Ataco, se isso for preciso
Sou eu quem escolho e faço
Os meus inimigos...

"Saudações, a quem tem coragem"
Aos que tão aqui
Prá qualquer viagem
Não fique esperando
A vida passar tão rápido
A felicidade
É um estado imaginário...

Não penso
Em tudo que já fiz
E não esqueço
De quem um dia amei
Eu desprezo
Os dias cinzentos
Eu aproveito prá sonhar
Enquanto é tempo...

Eu rasgo o couro
Com os dentes
Beijo uma flôr
Sem machucar
As minhas verdades
Eu invento sem mêdo
Eu faço de tudo
Pelos meus desejos...

"Saudações, a quem tem coragem"
Aos que tão aqui
Prá qualquer viagem
Não fique esperando
A vida passar tão rápido
A felicidade
É um estado imaginário...

Pense e dance
Pense, pense e dance.
Pense e dance
Pense bem e pense bem e dance
Pense e dance
Pense, pense e dance...


domingo, 14 de dezembro de 2008

Papai Noel existe!



Há 110 anos, o New York Sun, um importante jornal nova-iorquino, publicava um editoral intitulado "Yes, Virginia, There is a Santa Claus" (Sim, Virgínia, Papai Noel existe). O texto foi produzido em resposta a uma carta enviada ao jornal por Virginia O´Hanlon, de oito anos, que estava em dúvida sobre a existência de Papai Noel.

Editorial do The Sun, 1897

É com enorme prazer que respondemos à carta abaixo, aproveitando para expressar nossa enorme gratidão em reconhecer sua autora como leal amiga do The Sun.

"Prezado Editor, tenho 8 anos. Alguns de meus amiguinhos dizem que não existe Papai Noel. Meu pai costuma falar: ‘Se estiver no The Sun, então será verdade’. Por favor, me diga a verdade: Papai Noel existe?" Assinado: Virginia O’Hanlon.

"Virginia, seus amiguinhos estão errados. Provavelmente foram afetados pela descrença de uma época em que as pessoas acreditam em poucas coisas. Só acreditam naquilo que vêem. Elas acham que o que não compreendem com suas cabecinhas não pode existir. Todas as mentes, Virginia, sejam as dos adultos ou das crianças, são limitadas. Neste nosso grande Universo, o homem é um mero inseto, uma formiguinha, quando seu intelecto é comparado com o infinito que o cerca ou quando medido pela inteligência capaz de entender toda a verdade e conhecimento.

Sim, Virginia, Papai Noel existe! Isso é tão certo quanto a existência do amor, da generosidade e da devoção e você sabe que tudo isso existe em abundância, trazendo mais beleza e alegria à nossa vida. Ah! Como seria triste o mundo sem Papai Noel! Seria tão triste quanto não existir Virginia. Não haveria então a fé das crianças, a poesia e a fantasia para fazer a nossa existência suportável. Não teríamos alegria nem prazer, a não ser com os nossos sentidos: seria preciso ver e tocar para poder sonhar. A transparente luz das crianças, com a qual inundam o mundo, seria apagada.

Não acreditar em Papai Noel!… É o mesmo que não acreditar em fadas!

Você poderia pedir ao seu pai para contratar muitos homens para vigiar todas as chaminés na véspera de Natal e assim pegar Papai Noel; mas, mesmo que você não o visse descendo por elas, o que isso provaria? Ninguém vê o Papai Noel, mas não há sinais de que ele não existe.

Você por acaso já viu fadas dançando no jardim? Claro que não, mas não há provas de que elas não estejam por lá. Ninguém pode conceber ou imaginar todas as maravilhas do mundo que nunca foram vistas e que nunca poderão ser admiradas. As coisas mais reais são aquelas que nem as crianças nem os adultos podem ver.

Se quebramos o chocalho de um bebezinho, poderemos ver o que faz aquele barulho lá dentro, mas existe um véu cobrindo o mundo invisível que nem o homem mais forte, nem mesmo toda a força de todos os homens mais fortes do mundo reunida poderia rasgar. Somente a fé, a poesia, o amor e a fantasia podem abrir essa cortina e desvendar a beleza e a glória celestiais que existem por detrás dela. Será que tudo isso é real? Ah, Virginia, em todo esse mundo não existe nada mais real e duradouro.

Se existe Papai Noel? Graças a Deus ele vive e viverá para sempre.

Daqui a mil anos, Virginia, e ainda daqui a dez mil anos ou dez vezes esse número, ele continuará a fazer feliz o coração das crianças."

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Elisa Lucinda, só de sacanagem.

Circula por aí um e-mail chamado "Ana Carolina ARRASA!!!" que tem, como anexo, um vídeo no qual a Ana Carolina lê um texto da poeta Elisa Lucinda. A Ana Carolina dá os devidos créditos antes de ler, felizmente, mas acho importante que fique claro que quem arrasa, de verdade, é a Elisa Lucinda. Vamos divulgar quem merece? Isso também vale para aquelas mensagens com títulos tipo: "Pablo Neruda", "Fernando Pessoa", que, quando a gente lê, vê que não tem nada a ver com a pessoa em questão, mas é uma apresentaçãozinha piegas com apenas uma frase dos ditos poetas no final que, muitas vezes, está totalmente fora de contexto.

Leiam abaixo "Só de sacanagem", de Elisa Lucinda:



Meu coração está aos pulos!

Quantas vezes minha esperança será posta à prova?

Por quantas provas terá ela que passar? Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.

Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?

Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?

É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.

Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam: "Não roubarás", "Devolva o lápis do coleguinha", "Esse apontador não é seu, minha filha". Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.

Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará. Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar.

Só de sacanagem! Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba" e vou dizer: "Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau."

Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal". Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal. Eu repito, ouviram? Imortal! Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final!

domingo, 30 de novembro de 2008

Dica de passeio


Estive, no último sábado, num picnic com o pessoal da faculdade no Jardim Botânico de São Paulo, excelente dica de passeio que, infelizmente, grande parte das pessoas desconhece. O Jardim Botânico, que completou 80 anos no último novembro, foi remodelado e ganhou uma nova entrada e um "deck" de madeira de 240 metros, para acompanhar o Córrego Pirarungáua, que ganhou vida nova após permanecer canalizado por 70 anos. O Jardim Botânico abre de terça a domingo e feriados,das 9:00 às 17:00 horas, exceto Sexta-feira Santa,25 de dezembro e 1º de janeiro. O ingresso custa R$ 3,00 (R$1,00 para estudantes)!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Ars longa, vita brevis


Desde os cinco anos de idade que tive a mania de desenhar a forma das coisas. Desde os cinqüenta anos de idade que produzi um número razoável de desenhos, mas, no entanto, tudo o que fiz até aos setenta anos não é realmente digno de menção. Pelos setenta e dois anos de idade apreendi finalmente algo da verdadeira qualidade das aves, animais, insetos e peixes, e da natureza vital das plantas e árvores. Assim, aos oitenta anos de idade deverei ter já feito algum progresso, aos noventa deverei ter penetrado ainda mais no mais fundo sentido das coisas, aos cem anos de idade deverei ter-me tornado realmente maravilhoso, e aos cento e dez anos, cada ponto, cada linha que eu desenhe deverá possuir seguramente uma vida própria. Peço apenas que os homens de vida suficientemente longa tenham o cuidado de verificar a verdade das minhas palavras.


Katsushika Hokusai (1760-1849), Prefácio a "Cem Vistas do Monte Fuji".

Real, simbólico, imaginário

O rio que fazia uma volta atrás de nossa casa

era a imagem de um vidro mole que fazia uma curva atrás da casa.

Passou um homem e disse:

Essa volta que o rio faz por trás da sua casa se chama enseada.

Não era mais a imagem de uma cobra de vidro

que fazia uma volta atrás da casa.

Era uma enseada.

Acho que o nome empobreceu a imagem.


Manoel de Barros

Para encontrar o azul eu uso pássaros