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quarta-feira, 20 de abril de 2011

M. C. Escher, o artista do impossível


O trabalho de Escher sempre me encantou muito. Então, desde que soube que uma exposição de suas obras viria para o Brasil, no final do ano passado, estava ansiosa para que ela chegasse ao Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo. Estive lá hoje, e fiquei ainda mais impressionada. Se as reproduções das obras em livros ou na internet já me intrigavam, ver os originais me deixou literalmente boquiaberta e emocionada. Tudo bem, sempre fico emocionada de ver originais, para mim é um privilégio poder ver o trabalho de um artista bem de perto e imaginar como deve ter sido o processo de criação, me sinto mais próxima deles assim. No caso de Escher, mais do que isso, imaginar como ele conseguiu criar algo tão maravilhoso. Seu domínio da geometria e da perspectiva é total, a ponto de ele conseguir manipular as imagens para que, num mesmo desenho, várias perspectivas de um mesmo objeto se revelem. Aliás, revelar é uma palavra bem adequada, já que as obras nunca são apreendidas em um primeiro contato. Há que ver com atenção, que deixar os olhos passearem e a imaginação trabalhar. Escher nos instiga a pensar no infinito, nos múltiplos perfis que, aos poucos, se desvelam ao nosso olhar atento; ele nos estimula a raciocinar em termos de polaridades: peixes que se transformam em pássaros, anjos, em demônios... Perplexidade e admiração: duas palavras que definem bem o que sinto após ter visitado a exposição. Não deixe de ver as animações exibidas em totens no subsolo.

O Mundo Mágico de M.C. Escher. Centro Cultural Banco do Brasil, São Paulo. Até 17 de julho de 2011.

Para saber mais: http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/seminario/escher (em português)
http://www.mcescher.com (em inglês)

domingo, 17 de abril de 2011

Paula Rêgo e o feminino muito além dos contos de fada

Snow White Swallows the Poison Apple (1995)

Visitei hoje a exposição das obras de Paula Rêgo na Pinacoteca do Estado de São Paulo, e ainda estou sob o impacto do que vi. Paula Rêgo, nascida em 1935 em Lisboa, vive desde a década de 1970 em Londres, e está entre os quatro maiores pintores vivos da Inglaterra. Na verdade, eu tinha me esquecido dessa exposição, e fui até a Pinacoteca porque estava lá por perto, aguardando alguns shows que aconteceram durante a Virada Cultural. Acho que o fato de eu não estar preparada para o que veria intensificou a impressão causada em mim pelas obras. A primeira coisa que registrei foi a influência de Lucien Freud, (http://www.ibiblio.org/wm/paint/auth/freud/) mas ao observar as pinturas, outras se revelaram, Hieronymus Bosch http://www.ibiblio.org/wm/paint/auth/bosch/) sendo uma das mais evidentes. A minha ignorância sobre o trabalho de Paula Rêgo era total. Algo que me chamou a atenção de pronto foi a técnica perfeita e o uso das cores. Mas os temas trouxeram estranhamento, me desafiaram a refletir. Quem são essas Brancas de Neve maduras, essas bailarinas/avestruzes envelhecidas, essas adolescentes sinistras, presentes em contos de fada sem finais felizes? Quem é essa mulher corajosa, que transforma um tema espinhoso como o aborto em beleza? Estou impressionada, completamente submetida ao impacto das imagens que vi. Ainda não consegui elaborar nada, não sei se conseguirei fazê-lo, mas isso não importa. É muito bom (e raro, infelizmente), que uma exposição me conceda uma experiência tão transcendente. Vou voltar, certamente.

Paula Rêgo na Pinacoteca de São Paulo, de 19 de março a 5 de junho de 2011.