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domingo, 17 de abril de 2011

Paula Rêgo e o feminino muito além dos contos de fada

Snow White Swallows the Poison Apple (1995)

Visitei hoje a exposição das obras de Paula Rêgo na Pinacoteca do Estado de São Paulo, e ainda estou sob o impacto do que vi. Paula Rêgo, nascida em 1935 em Lisboa, vive desde a década de 1970 em Londres, e está entre os quatro maiores pintores vivos da Inglaterra. Na verdade, eu tinha me esquecido dessa exposição, e fui até a Pinacoteca porque estava lá por perto, aguardando alguns shows que aconteceram durante a Virada Cultural. Acho que o fato de eu não estar preparada para o que veria intensificou a impressão causada em mim pelas obras. A primeira coisa que registrei foi a influência de Lucien Freud, (http://www.ibiblio.org/wm/paint/auth/freud/) mas ao observar as pinturas, outras se revelaram, Hieronymus Bosch http://www.ibiblio.org/wm/paint/auth/bosch/) sendo uma das mais evidentes. A minha ignorância sobre o trabalho de Paula Rêgo era total. Algo que me chamou a atenção de pronto foi a técnica perfeita e o uso das cores. Mas os temas trouxeram estranhamento, me desafiaram a refletir. Quem são essas Brancas de Neve maduras, essas bailarinas/avestruzes envelhecidas, essas adolescentes sinistras, presentes em contos de fada sem finais felizes? Quem é essa mulher corajosa, que transforma um tema espinhoso como o aborto em beleza? Estou impressionada, completamente submetida ao impacto das imagens que vi. Ainda não consegui elaborar nada, não sei se conseguirei fazê-lo, mas isso não importa. É muito bom (e raro, infelizmente), que uma exposição me conceda uma experiência tão transcendente. Vou voltar, certamente.

Paula Rêgo na Pinacoteca de São Paulo, de 19 de março a 5 de junho de 2011.

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